quarta-feira, 12 de novembro de 2008


Obrigado por se preocupar...

Um expresso por favor, sem leite, pouco açúcar e dois dedos de conversa franca para seguir em frente.
Um tempo para fazer as escolhas certas, se houverem.
E confiança só para garantir
Está tarde.
E vivemos como os mortos
Sempre a um passo de deixar esta vida para trás
O esquecimento engolir nossas pessoas
Tarde demais
Se você for embora eu sentirei a sua falta
E falta tanta coisa.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008


Eu disse...


Eu disse tudo
Tal qual tanto ensaiei
De uma forma que eu não conseguiria repetir
Ela disse olá
Eu disse adeus.
E a última coisa que eu me lembro é a imagem das suas costas
Se afastando, sumindo
E isso, ficou gravado na minha cabeça
Lúgubre, como um sonho inacabado
Ela foi a poesia que eu nunca escrevi.
Ela disse olá
Eu disse adeus,
Resumidamente.
E as folhas, antes verdes, tornaram-se marrons
Elas voam com o vento
E desmancham nas minhas mãos.

domingo, 10 de agosto de 2008



O muro.


Pequeno, belo e extraordinariamente simples.
A criança que mora dentro de mim se surpreende mais uma vez
Nas mãos, apertando junto ao peito, a fórmula da plena felicidade...
Conseguiu por instantes dosar os seus meios.
E, sem medo, bebeu tudo de uma vez
Acreditando ter se livrado para sempre de todos aqueles males.
Outrora cheio, agora vazio.
Tal qual o frasco que tinha nas mãos.
E os muros, intransponiveis, que antes, altos, o cercavam, frios.
Agora, abaixo da altura dos olhos,
Deixavam que visse, a mais pura beleza que esqueceu.
Daquilo tudo
Que nunca deixou de ser seu.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008


Os dragões não conhecem o paraíso

Tenho um dragão que mora comigo.
Não, isso não é verdade.

Não tenho nenhum dragão.

E, ainda que tivesse, ele não moraria comigo nem com ninguém.
Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu.
Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser.
Eles são solitários, os dragões.
Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida.
Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado.

E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim:

Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus.
Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo.
Isso me pareceu gradiloqüente e sábio como uma idéia que não fosse minha, tão estúpidos costumam ser meus pensamentos.
(...)

(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 30 de julho de 2008


Inexorável.
1. Que não cede.
2. Que não se move à compaixão.
3. Austero, Imparcial.
Hahahahaha, que vontade de gritar.
De chamar alguém de ordinária,

Não, pior, aspirante à ordinária.
Aspirante à ordinária velha e fudida.
Enquanto isso...
Cacau tem sonhos eróticos com a tia morta.
Enquanto isso...
O vento faz bater a porta.

Hahahahaha, que vontade de gritar.
De falar poucas verdades.
De fazer algumas maldades.
Chega dos beijos paliativos
Chega de cor creme
Sorriso amarelo me deprime.

Hahahahaha, que vontade de gritar.
Queira eu aprender a ser breve
Mas tenho pena de quem não se atreve
Queira eu querer estar aqui
Quando resolver deveras me olhar...

sábado, 26 de julho de 2008


Eu to cansado.

Cansado de apartar a briga entre quem eu sou, e quem eu quero ser,
Eu vou vivendo, eles que se entendam.

quarta-feira, 16 de julho de 2008


Você precisa entender as tuas ilusões
Realimentar aqueles lindos sonhos seus
E por vezes não ceder a tantas ambições
Deixando fluir um pouco mais os sentimentos seus
Não é que eu queira te ensinar
Mas a vida é muito bonita pra se anular
...
Tanta competitividade não te fará bem
Se os teus vencidos não te reverenciarem
Estudar um pouco mais as tuas limitações
Carismar a humildade te fará crescer
...

Sair de mãos no bolso e de pés no chão
Brincar e se abrir um pouco com o seu irmão
Cavalgar pelas montanhas
Ver o sol molhar o mar
Ouvir um passarinho e ver
Borboleta dançar
Dançar no ar
....
Você precisa redimensionar tuas tensões
Olhar com carinho e entender os olhos de alguém
E por vezes não destruir os pobres corações
E de repente não ferir demais a quem tanto quer bem
...
Lembre-se um pouco daquela alma bonita
Da criança pura do início da sua vida
E daqueles que te ombream pelas avenidas
Das crianças vindas
E das não nascidas
...

Por tio Raul.


quarta-feira, 9 de julho de 2008


O âmago de mim.

Desta vez insisti para ela ficar
Conversamos por instantes...
Iluminava,
O filme, o qual nunca vimos,
Estava especialmente bonita naquela noite
Pura e angelical
A observava insistentemente
Tentando extrair daquela imagem algum tipo de safadeza
Meu corpo me cobrava ação,
Beijei-a ternamente e com calma
Pude sentir seus pêlos se arrepiando...
Pele...
Pude sentir seus lábios tremendo...
Gosto...
Senti-la como se deve...
Logo estava nú, despido, sem casca
Ela agarrou meus cabelos
Apertando-me entre seus seios
Ouvia, sentia...
Seu coração rápido
Batia...
Pensava em não pensar mais nada...
E não pensei...
Quando dei por mim, não sei
Fundo do corpo, o âmago de mim...
Nossos corpos se fundiam e se confundiam
E assim...
Assim, suspirava,
Assim, que eu te quero,
Assim, até o fim,
Assim, só para mim,
Eu poderia morrer agora
Um lábio salgado e
Assim, sequei o seu rosto,
E fim.

domingo, 6 de julho de 2008


Caminhos

Eu tenho dez dedos nos pés..
Já contei diversas vezes,
De trás pra frente
De frente pra trás
Alternadamente...
Eu gosto muito daquele ali,
O que é tortinho.
São tantos
Que às vezes não sei qual encostar primeiro no chão...
Na dúvida, coloco todos de uma vez
E depois os outros
E é assim que eu caminho
E é assim
Que eu faço todas as minhas escolhas.

O Eu de entre-meios.

Às vezes as tardes são calmas,
Mas na maioria delas é difícil conseguir um momento para respirar...
E eu me perco,
Me perco entre pessoas de abraços quentes e sorrisos sinceros...
Entre planos de vida e planos de morte
Eu ainda quero morrer como Molière,
mas não quero deixar de viver a vida da minha maneira...

As noites sempre são agitadas,
e ali estou, estático, espantado com as banalidades de "ser-humano"...
As formas de encantar.
E eu me perco,
Me perco entre carinhos descompromissados...
Entre declarações de amor de encher os olhos d'agua
E palavras duras que provocam o mesmo efeito.
Me perco enquanto transo ouvindo Bowie em uma tarde de domingo
Ou fazendo promessas, curtas como sonhos, para alguém que acabo de conhecer.